terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Haiti






































Devido à tragédia ocorrida em 12 de janeiro no Haiti, na capital Porto Príncipe, decidi escrever um pouco sobre este país.
A situação do Haiti é tensa. A economia mais atrasada da América, uma taxa de mortalidade infantil assustadora (a cada 100 crianças, 12 morrem antes dos 3 meses de idade) e um alto índice de analfabetismo. Não bastasse anos de ditadura e instabilidade econômica, o Haiti vive as consequências de um grande abalo sísmico, um terremoto 7.0 na escala Richter. As cenas mais comuns na capital Porto Príncipe são necrotérios abarrotados de cadáveres não identificados, cidadãos procurando por seus familiares sob os escombros e ainda, soldados de diversos países auxiliando na busca por recursos e ajuda humanitária.
Uma das notícias sobre a tragédia que mais me impressionou nesses últimos dias foi a de que 11 missionários norte-americanos aproveitavam-se da situação do Haiti para levar 33 crianças haitianas para o seu país sem autorização do governo, com o intuito de "ajudar" essas crianças a terem condições de vida melhores. O governo haitiano tem tornado as leis de adoção mais rigorosas para evitar que estrangeiros se aproveitem da vunerabilidade dos órfãos da tragédia.
Mas vamos conhecer um pouco da História deste país caribenho?




Haiti

Nome oficial: República do Haiti
Capital: Porto Príncipe
Língua oficial: francês e crioulo
Presidente: René Préval
Área: 27.750km²
População: 8.121.622 hab.
Moeda: Gourde


Os primeiros humanos chegaram ao Haiti por volta de 7000 a.E.C. Ao viajar para o ocidente, Cristóvão Colombo chegou a ilha em 5 de dezembro de 1492, que era conhecida como La Española ou Hispaniola. Mais tarde a ilha foi dividida em república Dominicana e o Hati. A ilha é a segunda maior das grandes Antilhas. O formato da ilha é semelhante a cabeça de um caimão (pequeno crocodilo abundante na região). O litoral norte abre-se para o Oceano Atlântico e o sul, para o mar do Caribe.
Depois da chegada de Colombo os espanhóis passaram a ocupar a ilha e escravizar os indígenas para atividades como agricultura e cerâmica. A colonização espanhola começou a decair e a partir de 1625 a ilha teve grande influência francesa. Em 1697, Espanha e França assinam o tratado de Ryswick que determina a colonização francesa. Nessa época praticamente toda a população havia sido dizimada pela força e pelas doenças.

Os espanhóis e os franceses continuaram disputando a ilha até 1776, quando a ilha passou definitivamente ao domínio francês. Durante todo o século XVIII os franceses incrementaram a formação da lavoura açucareira na região importando escravos africanos. Nesta época, o Haiti podia ser considerado uma das mais ricas colônias da América, a "pérola das Antilhas".
O Haiti foi o primeiro país latino-americano a declarar-se independente. Começaram a se tornar frequentes os movimentos da população escrava, arrebatadoramente maior que a população branca. Em 1754 desencadeou-se a revolta do escravo Mackandal que utilizou os ritos de vodu para aterrorizar os senhores e unir os escravos contra eles. Mackandal foi preso mas conseguiu fugir da execução. Em consequência, os franceses passaram a reprimir o vodu.
A Revolução Francesa estimulou outra revolta, desta vez liderada por Vicente Ogé, que acabou preso. Os escravos se espalham e passam a fugir em massa e massacrar seus senhores, apoiados pelos revolucionários na França ou a independência da colônia. Financiados por espanhóís e ingleses - inimigos dos franceses - negros e mulatos se unem sob a liderança de Toussaint l`Ouverture, um escravo negro que sabia ler e tinha certa cultura. Em 1794 a França declara a abolição da escravidão nas colônias, conseguindo com que Toussaint apoiasse as autoridades francesas.
Em 1801, após derrotar os ingleses e espanhóis, Toussaint preparou a independência do Haiti como um estado associado à França revolucionária. Em seguida, cuidou da volta dos ex-escravos à lavoura do país quase devastado e preparou um projeto de constituição. Porém o novo governo francês, sob o comando de Napoleão Bonaparte rejeitou a proposta de Toussaint e mandou o general Leclerc recuperar a colônia. Leclerc enviou Toussaint para a França, onde morreu prisioneiro. Porém Jean-Jacques Dessalines continuou a rebelião, proclamando a independência em 1 de janeiro de 1804. Dessalines é nomeado governador da ilha e a unifica. Dois anos depois é deposto e morto e o país é novamente dividido. Ao norte governa Henri Christophe; ao sul, Alexandre Pétion e a leste os espanhóis. A unificação só acontece em 1820 sob a ditadura de Jean-Pierre Boyer, que governa até 1843.
Entre a deposição de Boyer e a intervenção dos Estados Unidos, os governantes do Haiti só tiveram um final trágico. Digno de nota é Faustin Solouque, nomeado presidente em 1847. Conquistou a República Dominicana em 1849, reavivando as práticas vodus em seu país e apoiando-se nos negros. Solouque foi deposto em 1858 e exilado. Dos demais governantes, um presidente foi envenenado, outro morreu na explosão de seu palácio, outros foram condenados à morte e um deles, Vilbrum Sam, foi linchado pelo povo. A frágil economia e a instabilidade institucional levaram os Estados Unidos a intervir no país ao cobrar uma dívida externa. Em 1905 passaram a controlar as alfândegas e 1915 assumiram o governo da ilha. A intervenção reorganizou as finanças e impulsionou o desenvolvimento da nação. O país recebeu uma nova constituição mas teve a sua soberania respeitada. Seguiram-se vários governos da elite mulata. As tropas americanas impediram a anarquia e a guerra civil mas não puderam conter a fragilidade do govern e os nacionalistas. Em 1934 o EUA retirou suas tropas e em 1941 abdicaram do controle alfandegário.
O jornalista uruguaio Eduardo Galeano quer publicou em abril de 2004 o artigo La Maldición Blanca relata que a história da ocupação dos EUA no Haiti não seria fidedigna às versões oficiais. Para Galeano o exército de ocupação estadunidense reteve o salário do Presidente de Honduras até que ele concordasse com a liquidação do Banco da Nação, que se converteu numa sucursal do Citibank de Nova York. Ainda segundo relata Galeano, o Presidente de Honduras, e todos os demais negros, tiveram sua entrada proibida nos hotéis, restaurantes e clubes exclusivos do Poder estrangeiro. A repressão aos opositores da política estadunidense teria sido violenta: "o chefe guerrilheiro haitiano Charlemagne Péralte, pregado em cruz numa porta, foi exibido à execração em praça pública".
Ainda segundo Galeano, a Guardia Nacional, criada e treinada pelos norteamericanos, e que ficou em seu lugar quando as tropas se retiraram em 1934, visava a "exterminar qualquer possível surgimento de democracia".

"A Gendarmeria fiscalizava o cumprimento de uma lei norteamericana que revivia a prática de trabalhos forçados no Haiti (corvée). A lei oficialmente requeria que os camponses haitianos trabalhassem, de graça, nas estradas por três dias ao ano. Entretanto, em alguns casos, os trabalhadores eram forçados a trabalhar de graça amarrados com cordas durante semanas, e até meses." (History Commons, US-Haiti, 1804-2005)

Revoltados com esta lei, Cherlemagne Péralte e Benoit Brataville lideraram uma rebelião envolvendo 40.000 pessoas que atacaram e derrotaram as forças policiais.
Em 1946 uma rebelião popular derruba Elis Lescot, levando ao poder Dumarsais Estimé, que é destituído por um golpe militar liderado por Raoul Magloire em 1950.  Durante o governo Magloire é promulgada uma nova constutuição que dá ao povo o direito de eleger diretamente seu presidente. Com o apoio do exército, Magloire decide perpetuar-se no governo, mas o povo reage violentamente e Magloire acaba por renunciar a presidência. Em 1957 é eleito François Duvalier.
François Duvalier trouxe ao Haiti o período mais sombrio de sua história. Duvalier era médico sanitarista com algum prestígio mundial, ligações com o movimento negro e realizou um trabalho de combate à malária junto às populações rurais, sendo apelidado de Papa Doc (papai médico). Seu regime ditatorial perseguiu ferrenhamente os opositores. A repressão era encabeçada pela milícia secreta dos tontons macoutes (bichos-papões). Apoiado pelo vodu, Papa Doc morreu em 1971 mas garantiu que seu filho fosse declarado seu sucessor. Jean Claude Duvalier assumiu o poder aos 19 anos e governou até 1986, quando foi deposto por um golpe militar. A esperança de redemocratização do Haiti surgiu em 1990, quando ocorreu eleições livres e o padre Jean Bertrand Aristide assumiu o poder.
Poucos meses depois de ser eleito, Aristide foi deposto por um novo golpe militar e a ditadura foi restaurada no Haiti.
Em 1994 Aristide retorna ao poder com o apoio dos EUA. Em 2003, sob pressão da ala rebelde, Aristide promete novas eleições em seis meses. Em janeiro de 2004 os protestos contra Aristide fizeram mortes na capital, Porto Príncipe. Em fevereiro o ex-presidente foge para a África e o país sofre intervenção da ONU.

"We Are The World"

Sici.











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